Abolucionismo Penal Quilombista: saberes (des)ordeiros nas encruzilhadas da criminologia afro-brasileira

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Texto da quarta capa:
Intelectual negro nascido no morro, sobrevivi por ser pedra cantada ontem pela ancestralidade que coroou minha cabeça e me reoríenta por mandingas (anti)jurídicas a(lá)fiadas. Doutor em Direito, professor, vencedor do Prêmio Jabuti, advogado abolicionista quilombista forjado nas encruzilhadas e elo da corrente (re)feita em ponta de lança. Se sou o sonho ancestral de quem não teve direito a sonhar, honro as vidas que me abriram caminhos ao bradar o canto, ritmado a toques de oxês, de queimar a Casa Grande, incorporando o pesadelo branco na luta incessante por liberdade negra!
A naturalização da prisão é resultado da segregação estruturante do Brasil enquanto um país-penitenciária. Aqui, pessoas condenadas à desumanização ? cativas de dogmas religiosos antinegros, traduzidos juridicamente pela hermenêutica que sacraliza a inimizade colonial ? cumpriram suas sentenças (transmitidas geracionalmente) pregadas à salvação do "mal".
O cárcere, idealizado como "pena justa", legaliza múltiplos aprisionamentos à branquitude, corporizada pelo "sistema de justiça" (a)fundado no colonialismo jurídico, manipulado como legítima defesa pelo garantismo punitivista. Enquanto o sistema prisional é reconhecido por seu "estado de coisas inconstitucionais", a seletividade racial nata do Direito Penal segue encarcerando em massa corpos iguais ao meu, fazendo de uma das maiores populações negras do mundo, também, uma das maiores em situação de cárcere.
Na encruzilhada da Criminologia Afro-brasileira, os sentidos abertos na complementariedade entre "bem" e "mal" (re)oríentam as (des)ordens do Abolicionismo Penal Quilombista através do resgate de práticas responsabilizantes, minha herança roubada, integrada por fundamentos, direitos e deveres ancestrais que levam para o meio da roda antirracista a utopia de que a branquitude nos livrará, algum dia, de seus contratos necropolíticos que sustentam o sistema de injustiça racial. 
Na mandinga (anti)jurídica, a exunêutica aponta a abolição do cárcere pela marginalidade, incorporando a tática de invadir "círculos restaurativos" para libertar humanidades dos cativeiros desumanizantes riscando pontos (re)civilizatórios e dando (de comer e) corpo à Justiça Restaurativa Afro-brasileira. Nesse movimento subversivo, gingo com princípios basilares do Contrato Quilombista, a constituição da República Negra de Palmares, projeto de Estado Plurinacional Pluriversal Democrático assentado no sistema de justeza afrodiaspórico, de fato sankofa e de direito contracolonial, abrindo caminhos para a (re)construção de um futuro ancestral.

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