Aporofobia e poder punitivo: Lineamentos de um conceito criminológico-crítico frustrado

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Texto da contracapa: Se observadas com honestidade intelectual, não parece coincidência
o recorte racial nas cifras do grande encarceramento e da letalidade,
ambas convergentes em um sujeito-tipo específico. Na verdade,
qualquer pesquisador em estado prático seria capaz de compreender
heuristicamente essa linha mestra que permeia o poder punitivo.
Obviamente, os sujeitos que compõem essas estatísticas são pobres,
pois a pobreza se nutre do racismo no Brasil. Esses indivíduos não
são negros ou pardos porque são pobres; são pobres porque são negros
ou pardos. Por isso, quando olvidamos essa interseccionalidade ? ou
seja, quando desconsideramos a racialização da pobreza no Brasil ?
incorremos em uma invisibilização da questão central que alimenta a
seletividade do poder punitivo.
A aporofobia, se vista como conceito criminológico-crítico, dissolve-se
no ar em meio a um totalismo economicista, eliminando qualquer análise
crítica verdadeiramente transformadora dessa realidade. Isso porque
se credita, primordialmente, ao econômico ? aversão ao pobre e à
pobreza ? o aumento vertiginoso da atual seletividade jurídico-penal.

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