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1ª Edición / 217 págs. / Rústica / Português / Livro
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Algo de rebeldia aqui presente é o que me interessa sublinhar no livro, motivo de crítica também aos tratamentos tradicionais de temas como este, em especial na criminologia, que teimam ser docilizados. A forma do ensaio, assim, vem a seu favor, porque torna-se preciosa exatamente pela ordem do não-dito, precisamente pelo sentido daquilo que nos afeta pelos conteúdos e para além deles. Este limiar entre a experimentação, a criação e a reflexão é que toma forma no ensaio escrito por Felipe. O modo de proceder de cada ensaio está em conseguir articular os conceitos em constelação, não através do fetiche das suas definições, mas como peças articuláveis sempre prontas a produzir arranjos novos, permitindo a abertura na sua forma e em seu estilo. É o "como" da sua expressão, mais do que "o que", que importa. Tal teor de aprendizado não está, porém, isento de erros, incompreensões e desvios, pois respeita a marcha do seu pensamento que, como escreve Adorno, num tributo ao "mestre insuperável" dessa forma, Walter Benjamin, "o leva para além de si mesmo". Não chego nisso, por fim, à toa. Pois para além das laudas e laudas que poderíamos escrever sobre tecnopolíticas, algoritarismos, controle social etc. ? assuntos que vêm tomando considerável tempo das minhas investigações há muito, tanto no PPGCCrim quando no PPGFil, ambos da PUCRS ? a questão magma que jamais deixa de ressoar no fundo mesmo do ensaio é a questão da amizade, relação que se dá em abertura irrepresentável. Como lembra Agamben, a questão da amizade está tão intimidade ligada à própria philosophia que sem ela não seria possível. É neste gesto de camaradagem que também igualmente "com-sentimos". Não cessamos, de algum modo, de ensaiar possibilidades de acesso aos objetos que desejamos falar. E a obra só existe porque há muitos ensaios, e amigos possíveis, para que, em relação, uma mínima diferença se dê.
Parabéns ao amigo e boa leitura!
Desterro, Pandemia ano II.
Augusto Jobim do Amaral.
Professor do PPGFil e do PPGCCrim da PUCRS
(parte do texto do prefácio da obra)